segunda-feira, 10 de setembro de 2012

ITA e a Humanização de Estudantes


Tive grata surpresa quando num outro dia lendo o jornal O Globo encontrei a reportagem, onde o reitor do ITA, Instituto Tecnológico da Aeronáutica, Carlos Américo Pacheco fala da reestruturação dos cursos de graduação para o próximo ano. A tentativa é de aliar o aprendizado técnico com habilidades sociais. Parabenizo a iniciativa e acredito que outras universidades, cursos, institutos deveriam seguir esse exemplo.
Antes de compartilhar essa entrevista quero acrescentar a passagem do livro “Desenvolvimento Interpessoal”, da Fela Moscovici que ilustra bem essa reportagem.
“A competência técnica para cada profissional não é posta em dúvida, claramente todos reconhecem que o profissional precisa ser competente em sua área específica de atividade. A competência interpessoal, porém, só é reconhecida para algumas categorias profissionais notórias, tais como assistência social, psicoterapia, magistério, vendas...
Em cada profissão, na verdade, os dois tipos de competência são necessários, embora em proporções diferentes”.
Vamos à reportagem!
Retirada na íntegra do site:

ITA vai mudar cursos de graduação para ‘humanizar’ estudantes
Reitor da universidade diz que ideia é aliar técnica com habilidades sociais.
Mudanças devem começar no segundo semestre de 2013.
Carolina TeodoraDo G1 Vale do Paraíba e Região
Reitor Carlos Américo Pacheco quer mudar cursos
no próximo ano (Foto: Carolina Teodora/G1)












Uma das melhores e mais tradicionais universidades do país, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos (SP), irá reestruturar os cursos de graduação no próximo ano para tentar “humanizar” seus alunos.
O objetivo da reformulação, segundo o reitor, Carlos Américo Pacheco, é aliar o aprendizado técnico com habilidades sociais para aumentar a capacidade dos 
alunos de trabalhar em grupo e lidar com desafios. Para isso, serão ministrados cursos extracurriculares. A grade também deverá sofrer alterações. Uma comissão formada por 18 especialistas de dentro e fora da instituição, como do Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT), estuda como implantar as mudanças.
Segundo Pacheco, a proposta de alterar o aprendizado da universidade tem gerado polêmica entre os educadores e professores do instituto. Mas a mudança deve começar já no segundo semestre de 2013.
“Queremos dar outras dimensões para os currículos para ir além da base técnica. Nossos alunos são muito bons em ‘hard skills’, como chamamos no meio acadêmico. Mas acho que faltam os ‘soft skills’ (competências pessoais). Trabalhamos pouco isso hoje”, diz Pacheco. Segundo ele, as mudanças não vão diminuir a qualidade dos cursos.
São duas as principais propostas em estudo para viabilizar a mudança: a criação de um Centro de Inovação, um laboratório que visa aproximar os alunos à dinâmica das principais empresas do país, e a implantação de cursos mais abrangentes, como engenharia de sistemas.
A mudança dará fim a uma tradição de 62 anos da instituição, considerada o berço da elite da engenharia brasileira, com seis cursos consolidados – aeronáutica, aeroespacial, computação, civil aeronáutica, mecânica aeronáutica e eletrônica.
'Outro patamar'
Dono do grupo Poliedro, o engenheiro aeronáutico Nicolau Arbex Sarkis, formado no ITA na turma de 1992, elogia a mudança proposta. "O engenheiro precisa ter uma formação ampla. Além dos números, é preciso sensibilidade para administrar pessoas", diz.
"A capacidade de trabalhar em grupo, de liderança e de relacionamento são os aspectos mais importantes da vida profissional. E justamente estes aspectos são, há tempos, os mais criticados nos engenheiros formados no ITA. O novo projeto vai proporcionar uma bem-vinda mudança no perfil do profissional e elevar os engenheiros formados pelo ITA a outro patamar", afirma.
Segundo Sarkis, "aliar a formação técnica já existente no ITA com a formação humana é o que todo profissional deseja e toda empresa necessita".
Concorrência acirrada
O vestibular do ITA atraiu no ano passado 9.337 candidatos interessados nas 120 vagas abertas dos cursos de graduação (uma concorrência de mais de 77 pessoas por vaga). A meta é dobrar para 240 as vagas abertas nos cursos a partir de 2014.
O ITA irá assinar em agosto um convênio de R$ 300 milhões com o Ministério da Educaçãopara ampliar as instalações da universidade. As obras devem começar em outubro e serão executadas ao longo de quatro anos.
O projeto prevê a construção de um novo alojamento para os estudantes, novas bibliotecas, laboratórios e salas de aula. Fundado em 1950, o ITA é a única universidade do Brasil em que os formandos obtiveram o conceito ‘A’ em todos os cursos e em todas as edições do Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes), o antigo Provão.




terça-feira, 4 de setembro de 2012

Proposta de Análise Vocacional


Imagem do google
Quero detalhar um pouco mais, a forma que conduzo o trabalho de Análise Vocacional em meu consultório. Alguns pais ou jovens ligam pedindo que eu faça um teste vocacional e lhes diga qual a profissão seguir. Algumas escolas acreditam que somente trazendo profissionais para dar informações sobre as profissões e para contarem suas experiências de escolha é o suficiente para que eles optem por alguma profissão. A informação é necessária nesse processo, mas não podemos utilizar somente esta ferramenta.  Devemos ter cuidado para que, em vez de ajudar, acabar confundindo ainda mais. Decidi então convidá-los para um encontro e explico como é o trabalho.
O primeiro ponto que acredito ser importante pensarmos – no que for possível para ele no momento - quem é o sujeito que me procura e sua história de vida.
Pensar sobre esse momento da passagem da escola secundária para a universitária, da vida infantil para a adulta. Começar a construir seu projeto de futuro profissional. Desmistificar preconceitos em relação a algumas profissões, que muitas vezes o impossibilita de seguir o caminho de seu desejo. Debater sobre seus medos e fantasias acerca do futuro.
Falar sobre a importância da satisfação pessoal e realização financeira, se estas podem ou não andar juntas. Pensar que outras formas de profissionalização são possíveis além de um curso universitário, abrindo possibilidades aos cursos técnicos, não limitando suas opções as carreiras que são socialmente aceitas como Medicina, Engenharia e Direito.
Refletir sobre a incondicional importância do autoconhecimento, sobre aspectos de sua personalidade e entrar em contato com interesses e habilidades que possui, fazendo uma relação com algumas profissões.
Debater sobre o ato da escolha e suas implicações, do que abrir mão. Esse ponto, para o jovem, é difícil, pois várias perdas ocorrem na adolescência (corpo infantil, pais idealizados na infância). Fazê-lo perceber de que algumas opções não se perdem, apenas “guarda-se” para algum outro tempo ou canaliza-se para uma possibilidade dentro de um hobby.
Enfim, é uma série de questões ricas, profundas e de extrema importância, que poderíamos levar muitos encontros debatendo sem nos preocuparmos com testes ou laudos que acabam direcionando a vida do jovem. E por tudo isso, que o que nós profissionais da área podemos fazer é ajudá-los a pensar, a decidir suas próprias vidas.