Imagem retirada de http://www.olacocorderosa.com
No dia 21 de Maio foi o aniversário do profissional de Letras e como prometido, trago hoje o depoimento de Fabíola Xavier.
Chama atenção os desafios que eles enfrentam por não estar no rol dos cursos mais procurados ou os “bem vistos” ou os “melhores”.Achei interessante sua colocação em que um curso que inicialmente parece de acesso fácil acaba “eliminando”, por exigir do aluno intensa dedicação e comprometimento com trabalhos, leituras, etc.
Descreve o que o curso oferece de apaixonante aos apaixonados pela arte, cultura e literatura. Destaca a possibilidade do “não aprender” e sim, “refletir” as gramáticas e linguagens.
"O primeiro desafio para um profissional de Letras é a própria família. Por que fazer um curso com um candidato/vaga tão baixo se você pode passar em um curso “melhor”. Meu pai, ao invés de dar os parabéns, ficou pensando no que falaria para a família “bem, você está fazendo o que gosta pelo menos”. Apesar dessas questões, fiz Letras Português/Inglês porque quis, porque descobri, ainda quando me preparava para o vestibular, que esse curso unia tudo que sempre gostei na escola: literatura, linguagem, criatividade, um pouco de historia e muiiiiita coisa interessante pra ler e escrever.
O que eu realmente não esperava e que eu fosse gostar de TUDO. Digo “tudo” porque dentro de Letras se estudam coisas muito diversas, até opostas, como literaturas diversas (inglesa, portuguesa, americana, brasileira, além das teorias literárias), um pouco de Latim e Grego, e, pro incrível que pareça, a gente não aprende gramática: refletimos as gramáticas, refletimos sobre a língua que falamos e a sociedade que vivemos. No entanto, nem todos gostam de tudo como eu (sempre há uma rusga entre linguística e literatura), mas, em cada desafio, sentimos o um preenchimento tamanho depois da tarefa cumprida, e podemos nos exibir com nossos conhecimentos fonéticos, morfológicos, históricos, sintáticos e, também, literários. Daí, aqueles que entraram em letras pelo candidato/vaga baixo são eliminados naturalmente pela quantidade de trabalhos, livros pra ler, de apresentações, regras da ABNT.
Apesar de ser um curso voltado para professores, muitos colegas trabalham com tradução (poucos), secretariado bilíngue ou, simplesmente, desistiram da área por não se satisfazer com o salario não muito alto. A questão verdadeira é essa: comparado com outras profissões talvez você nunca ganhe equiparadamente, mesmo estudando muito mais. Comparado com outras áreas, você terá de disputar a tapa pouquíssimas boas vagas (isso com mestrado e pensando em doutorado).
Logo se vê o amor inerente a cultura, arte, bem-estar e aprendizado que está vinculado aos que se entregam a essa profissão: somos apaixonados por linguagem, movidos por análises dos discursos e viciados em interação humana. Nossas memórias afetivas se dividem entre os bons momentos com os colegas e os ótimos livros que mudaram nossa visão de mundo, dentre estruturas e provas impossíveis. Ademais, num bom curso de letras, você aprende bem a analisar a linguagem alheia de forma bastante eficaz! (então cuidado, namoros nunca mais serão os mesmos!)"
Fabíola Xavier Garcia Silva
Cursei Letras Português/ Inglês na UFRJ
Trabalho na rede municipal do Rio de Janeiro como professora de inglês e ministro aulas particulares.