terça-feira, 17 de julho de 2012

Para os Pais



Texto traduzido do livro “Conocimiento del hijo” de Arnaldo Rascovsky, Psicanalista, 1986 Buenos Aires, Ediciones Orion.

            “Um dia em nossas vidas ocorre o instante decisivo. Até então havíamos sido somente filhos e, agora, passaremos a serem pais. Passaremos a realizar, ativamente, aquilo que havíamos experimentado passivamente; a fazer ao filho o que nos haviam feito quando crianças, ou a corrigi-lo. E aí reside a suprema oportunidade de reparar a própria tragédia infantil, retificando no filho nossa dor, brindando-lhe com o amor que nos faltou.
            Havíamos olhado para cima durante todos os anos de nossa infância; depois, quando nos fizemos jovens ou adultos, passamos a olhar a nossa própria altura e agora, que passaremos a serem pais, devemos olhar para baixo.
            Aí está, no interior da barriga e logo fora dela, o pequeno ser de quem somos pai ou mãe, a parte que deverá realizar-se totalmente. O que morrerá sem nossa assistência e que gozará ou sofrerá em função nossa presença. Para quem seremos o mais carinhoso amigo e o mais cruel inimigo. Tudo, a princípio, absolutamente tudo. E dia a dia, crescentemente menos, até que possa chegar a prescindir de nós. E será feliz ou infeliz, alegre ou triste, triunfante ou fracassado, amistoso ou isolado, generoso ou egoísta, forte ou frágil, culto ou inculto, bondoso ou malvado, rico ou pobre, ativo ou indolente, são ou doente e, ainda muito mais, na infinita gama de alternativas evolutivas, em função de nós, os pais. Tudo dependerá de nosso amor e de nosso ódio, de nossa grandeza e de nossa miséria, do trato que lhe possamos dar desde o momento da gestação. Por isso se tem dito que o destino ou a sorte são os pais”.  
 (Texto distribuído no curso de Orientação Vocacional com Terezinha Rezende na Arte Ser) 

Nenhum comentário:

Postar um comentário